Quanto mais eu conheço as pessoas, mais eu gosto do meu
cachorro. É clichê, mas para mim, é bem assim que funciona. Amo animais, mas
sou completamente apaixonada por cachorros. Essas criaturas bem humoradas,
companheiras, fiéis, carinhosas, sinceras, em quem não vejo nenhum defeito!!
Tenho uma cachorra, e como a grande maioria dos donos
apaixonados, a trato como membro da família. E não dá para ser diferente. É
comum entre os donos observar características de humanos (mesmo que imaginárias)
nos seus bichinhos e, assim, tratá-los
quase que de igual para igual. Essa relação, sendo sã e não passando dos
limites do bom senso, me diverte. Minha “filha”, por exemplo, tem um colarzinho
que fiz para ela e às vezes passeia por aí desfilando com ele.
Na praça onde passeamos, os donos de cachorros se conhecem
pelos nomes... dos cachorros! Sei quem são os donos do Bob, do Thunder, do
Petrus, da Nina, da Tina... Mas não sei o nome de nenhum deles. Também acabei
me tornando amiga dos moradores de rua que dormem na praça e adotam cachorros.
Assim eu conheci o Bob Marley (que é apelido, porque o nome mesmo é Beethoven),
a Sophia Loren, o Diamante e o Fiel. Então, inevitavelmente, me tornei a famosa:
Dona da Jolie.
De nossos passeios me lembro de inúmeras histórias divertidas,
mas uma em particular, eu gosto muito de contar. Aconteceu há uns anos, quando,
ao chegarmos à praça, encontramos um conhecido que, assim como eu, também
perdeu sua identidade e se tornou o Dono da Valentina e do Frederico, seus
buldogues franceses. Fui cumprimentá-los, como sempre faço e percebi que a
Valentina não estava com eles, o que já me dá um receio de perguntar e ouvir
uma notícia triste. Ele então me contou que ela estava em SP, fazendo um
tratamento de coluna, pois, devido a seu peso, acabou tendo um nervo pinçado e
precisava de fisioterapia. Contou que, apesar de tudo, ela estava bem, sendo
tratada num spa, por um especialista, para voltar nova. Qualquer um que
passasse e ouvisse um pedaço da conversa, teria certeza de que a Valentina em
questão era um ser humano. A conversa fluía, quando de repente, ele olha para
trás de mim e grita: “Frederico, NÃO!!!”
Tarde demais. Frederico estava me usando como seu poste
particular. Urinou na minha perna. Poderia ter ficado chateada, com raiva, não
fosse a reação do dono, que deu uma bronca daquelas! Ele dizia: “Frederico,
você está maluco?! Ela não é uma árvore!! Não pode isso, uma pessoa mijar na
outra!!! Que horror!! Eu não estou achando graça nenhuma!!!!”
Isso tudo intercalado de mil pedidos de desculpa. Mas eu não
conseguia parar de rir daquela bronca tão cheia de regras de conduta. Ora, ele
estava apenas querendo me marcar como território dele. No fim das contas me
senti lisonjeada.
A verdade é que os bichos não tem maldade. Aposto que
Frederico estava com a melhor das intenções quando me escolheu para fazer xixi.
Para mim não foi agradável, claro, mas valeram boas risadas, este texto e um
prêmio na loteria (sim, porque de tanto ouvir que isso era sorte, joguei e
ganhei... R$3,00....).
Eu questiono muito tudo e todos que cismam em dizer que os
seres humanos são os mais evoluídos graças
à sua capacidade de raciocínio. Sei não,
hein... Pense bem... Não fosse isso,
haveria guerras, corrupções, poluição, efeito estufa, desigualdade
social e tantos, tantos outros problemas? Há bens que vem para males.
Às vezes me pego pensando no que aconteceria com o planeta
caso fossem extintos os seres humanos. E o que aconteceria caso fossem extintos
os animais. Qual o melhor cenário? Viagens minhas... (Respostas óbvias.)
Mas... Antes que eu seja apedrejada, ou este texto vire uma
filosofia-boring-nonsense-de-bar, me defendo. Não levanto bandeira desta minha
utopia. Como dizem por aí: “Aceita que dói menos.”. É o que faço. Afinal, o que
não tem remédio...
Cabe a mim amar os animais, admirar as pessoas que prezam
por eles e continuar sonhando com a salvação de todos os cachorros de rua!
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